Disponível desde o Apple Watch Series 4, lançado em 2018, a função de eletrocardiograma permite que o aparelho monitore os batimentos cardíacos de seus usuários, e desde então ela é sempre citada em relatos de pessoas que descobriram possuir problemas cardíacos – e procuraram ajuda médica a tempo de se salvarem – por causa do aparelho da Apple. Mas, mesmo que até o Apple Watch Series 5 já seja vendido oficialmente por aqui, até então a função ECG desses aparelhos não estava disponível. Mesmo com a liberação nesta segunda (25), ainda não é possível saber exatamente quando a função será liberada para os usuários brasileiros, porque isto depende de como a Apple está preparando este lançamento. Existem três possibilidades distintas: a de que a Apple disponibilizará esta função junto a uma atualização que costuma apenas corrigir bugs e problemas de performance (por exemplo, junto com uma versão 6.2.6 do watchOS) ou então liberar apenas na próxima atualização numerada do sistema operacional do aparelho (ou seja, apenas quando a empresa lançar o watchOS 6.3). Uma terceira possibilidade seria a função ECG já estar presente no software desses aparelhos, e assim que a Anvisa publicar o documento oficial que libera o uso da função pelo Apple Watch brasileiro, a empresa poderá habilitar essa função nos seus aparelhos de forma remota, sem que os usuários precisem fazer o download de qualquer nova atualização. Esta forma de ativação já foi usada pela Apple quando o ECG foi liberado na Índia em setembro do ano passado, então há um histórico recente da empresa optando por este caminho que torna a liberação muito mais simples e rápida para os usuários.
Porque demorou tanto para o eletrocardiograma chegar ao Brasil?
Antes de sair culpando a burocracia do governo brasileiro por essa demora na liberação da função aqui no país, é preciso deixar claro que a grande culpada por isso é a própria Apple, que parece não ter tido interesse em buscar a liberação desta função por aqui. Isto acontece porque, apesar da grande maioria dos recursos do Apple Watch serem de liberação da Anatel, o ECG é de responsabilidade de outra agência nacional, a Anvisa, pelo fato dele ser uma função que lida diretamente como a biologia do usuário. Por isso, ela precisa ser testada e liberada pela mesma entidade responsável por garantir a qualidade dos alimentos e remédios disponíveis no mercado. Assim, a agência necessita de uma documentação diferente da que a Apple envia para a Anatel para conseguir a homologação que permite a venda de aparelhos eletrônicos aqui no Brasil, e foi justamente a falta dessa documentação que atrasou todo o processo. O primeiro contato da Apple com a Anvisa para discutir sobre a liberação da função para o Brasil ocorreu apenas em dezembro do ano passado, e o envio dos documentos para solicitação de registro à entidade ocorreu apenas no início deste mês, no dia 4 de maio. Então, não é como se a burocracia brasileira tivesse sido a culpada nisso, já que a Anvisa definiu essa liberação bem mais rápido do que o normal, levando apenas três semanas para finalizar um processo que pode demorar até 2 meses. Ao mesmo tempo, essa demora da Apple não pode ser vista como algo exclusivo aqui para o Brasil, já que tem sido uma política da empresa expandir de maneira lenta a liberação da função ECG em seus aparelhos. Isto porque, apesar dela ter sido lançada junto com o Apple Watch Series 4 em 2018, durante muito tempo o ECG foi uma exclusividade dos aparelhos comprados nos Estados Unidos, mesmo que a empresa vendesse o modelo ao redor do mundo. A expansão do uso do ECG se iniciou apenas em março de 2019, quando a função foi liberada também para os países da União Europeia e para Hong Kong, e desde então a empresa vem aos poucos ativando essa função em todos os outros mercados em que está presente. Fonte: Anvisa