A missão inicia com um teste de voo sem tripulação, mas deve evoluir para tarefas mais complexas nos próximos anos. Alguns dos feitos que os cientistas buscam é o de pousar a primeira mulher e a primeira pessoa negra na Lua. Segundo a NASA, a missão também abrirá caminho para uma “presença lunar de longo prazo” e servirá como “trampolim para enviar astronautas a Marte”. A seguir, saiba tudo sobre a nova missão espacial.
O que esperar da missão Artemis
O foguete do sistema de lançamento espacial (SLS) e a espaçonave Orion chegaram à plataforma de lançamento no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, na manhã de quarta-feira (17). Até o dia de lançamento, mais alguns testes serão realizados, a fim de assegurar a integridade dos equipamentos e da própria nave, além da segurança da missão. Tal preocupação é bastante compreensível, já que, embora não haja uma tripulação humana nesta primeira viagem, a ideia é que, futuramente, astronautas a bordo retornem para dar sequência ao trabalho realizado agora, utilizando dos materiais e informações coletados pela Artemis 1. A NASA retorna à Lua com dois principais objetivos: a instalação de uma estação espacial na Lua, além de um alojamento para astronautas no espaço, e o desejo de alcançar Marte. Tudo isso faz parte de um esforço da NASA de priorizar viagens espaciais humanas, conforme indica o plano “Moon to Mars” (da Lua até Marte, na tradução literal), que quer enviar astronautas ao planeta até 2040.
Cronograma da viagem
A missão Artemis 1 terá início com o lançamento do foguete Space Launch System (SLS) – estrutura que se equipara com um prédio de 32 andares. Nele, está a cápsula espacial Orion, que deve sobrevoar cerca de mil quilômetros da superfície lunar e implantar pequenas espaçonaves para pesquisas dentro e fora da Lua – uma espécie de estação espacial lunar. Sentado no assento de comando da Orion estará o Comandante Moonikin Campos, um manequim que ajudará na coleta de dados sobre o que futuras tripulações humanas podem experimentar em uma viagem lunar. O nome do boneco foi escolhido através de uma consulta pública e é uma homenagem a Arturo Campos, um gerente de subsistema de energia elétrica da Nasa que ajudou no retorno seguro da Apollo 13 à Terra. O posto do comandante terá alguns sensores localizados atrás do assento e do apoio da cabeça, rastreando, dessa forma, a aceleração e a vibração durante a missão, que deve durar cerca de 42 dias. O manequim também usará o novo traje Orion Crew Survival System, projetado para os astronautas usarem durante o lançamento e na reentrada. O traje também incorpora dois sensores capazes de medir a radiação. Outros dois personagens dessa história são a Helga e Zohar, que também estarão em outros dois assentos da Orion. Estes torsos de manequim são feitos de materiais que imitam os tecidos moles, órgãos e ossos de uma mulher. Os dois torsos têm mais de 5.600 sensores e 34 detectores de radiação para medir quanta exposição à radiação ocorre durante a missão. O mais curioso de toda essa história é o fato dos engenheiros recorrerem a nada mais nada menos do que um iPad para os testes em órbita terrestre. O dispositivo da Apple atuará como o astronauta que fala com a Alexa. A ideia de tudo isso é demonstrar como os astronautas e controladores de voo podem usufruir da tecnologia para tornar o seu trabalho mais eficiente e seguro, mesmo quando no espaço. Após a contagem regressiva, o SLS subirá pela atmosfera da Terra. Em dois minutos, todo o seu propulsor sólido será consumido e os propulsores do foguete serão descartados. Em oito minutos, todo o combustível líquido será consumido e o estágio central do foguete também será descartado. Então, pelos próximos 18 minutos, a Orion e o estágio superior do foguete darão uma volta ao redor do nosso planeta sozinhos. A Orion levará cerca de 12 minutos para implantar seus painéis solares e desligar a energia da bateria. À medida que a espaçonave se aproxima da superfície lunar, chegando a apenas 96 quilômetros acima do solo do satélite, ela começará a realizar experimentos científicos para testar a gravidade lunar, os perigos da radiação e até tirar algumas belas fotos. Ao longo do caminho, a Orion também implantará alguns pequenos satélites, chamados de CubeSats, do tamanho de uma caixa de sapatos, para mapear a superfície lunar, estudar bolsões de gelo e testar um escudo de radiação espacial. Ao encerrar sua agitada excursão, a espaçonave retornará ao nosso planeta e se preparará para mergulhar na costa de San Diego. Feito isso, a equipe da NASA irá extrair os dados e a missão Artemis 1 estará completa. No entanto, isto não significa o fim do programa Artemis, muito pelo contrário, representando apenas o início de uma longa viagem espacial.
Planos para o futuro
A primeira missão tripulada está prevista apara acontecer a partir de 2025, já que, recentemente, a NASA anunciou alguns problemas que a fizeram adiar o pouso tripulado na lua. “Estamos estimando um objetivo não anterior a 2025 para o Artemis 3, que seria o primeiro veículo tripulado por humanos na primeira demonstração de um veículo que venceu uma competição da SpaceX”, explica Bill Nelson, porta-voz da agência especial norte-americana. Se as primeiras missões derem certo, as viagens subsequentes terão astronautas em passeios prolongados pela superfície da Lua – provavelmente por semanas. Estima-se ainda que, em 2027, astronautas a bordo da Artemis 4 implementarão o módulo I-HAB – um alojamento para as tripulações que vão explorar a Lua desde a estação lunar Gateway, ainda em construção. Em andamento desde 2017, o programa Artemis já custou US$ 40 bilhões. Apesar da NASA está mais a frente do projeto, a missão também conta com o auxílio de outros órgãos governamentais estrangeiros, como o da Agência Espacial Europeia, da UE (União Europeia), que forneceu o módulo de serviço da cápsula Órion no Artemis 1 e também colabora para construir o I-HAB da Gateway. Além disso, o Japão também está desenvolvendo uma espaçonave de suprimento de carga a ser utilizada na futura estação lunar. O Canadá também marca presença ao projetar um braço robótico para a estação Gateway. Por fim, outros 21 países, incluindo o Brasil, assinaram os Acordos de Artemis – uma tentativa de Washington estabelecer regras para uma futura exploração internacional da Lua. Veja também: A NASA presente aposentar a Estação Espacial Internacional (ISS), oferecendo espaço para operações comerciais do setor privado. Veja qual deve ser o futuro da ISS. Fontes: CNN, CNET, Space.com.